Há cartazes por todos os lados. Mas algo está diferente, nada em relação aos cartazes, estes vejo todos os dias, é algo em relação ao tempo. Está tudo passando tão lentamente hoje, coloco os planos em ação e os planos que tenho me tiram o juízo. Mas há vantagens em ter o tempo deste modo. O tédio pode me visitar outras vezes sem que se preocupe com o instante de ir embora. E fica comigo nos dias, a manipular perguntas:
-O que você comeu hoje? pergunta-me com ar de curioso, sem necessariamente estar.
E assim passamos minutos que já o tempo quase parado os faz muito longos. Olho para meus pés e começo a perceber a distância entre o que é parte de mim e o que ainda é parte de mim sem necessariamente ser. Esses espermatozóides, por exemplo, para que me servem? Já não possuo capacidade de me criar, criarei outro de mim? Penso um pouco sobre tudo o que está acontecendo agora, todavia sinto um sono.
-Que horas são essas? disse-me alguém de voz irreconhecível.
-São horas vagas amigo, é um minuto, em que passados dois dias ainda podem ser um único minuto e continuar por aqui sem se deixar passar por outros minutos, desde que você e sua imaginação queira.
Essas conversas tipicamente citadinas ainda me empolgam. Mas não deveriam perguntar as horas. Dados estes últimos tempos tenho tido problema com o tempo. Ainda caminho pelas ruelas e piso nos cartazes que avisam: "Compra-se os seus segundos!". Não tenho o exato valor dos meus, mas os venderia se pudesse. Afinal, eles não merecem o preço que pago e nem os uso assim com tanta sabedoria.
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Amigo, gostei de visitar seu blog. Aqui é tudo tão organizado e bem dito que estou sem palavras pra defini-lo. Mas deixou minha gratidão por me receber aqui.
ResponderExcluirRuySouza.