Meia-noite e uma cama, nervosismo perceptível e ansiedade ultrapassada. “Vem ou não vem, vem ou não vem?” Não vem. Mas esperara-se a chegada como forma de sofrer e depois contar dos sofrimentos. É mais significativo dizer que se espera até as quatro da manhã do que dizer que dorme às onze da noite. Levanta, deita, conta, pega uma folha e escreve abobrinhas sentimentais. “Preciso te transformar em esquecimento.” Mas não se esquece o que está impregnado, fixo. Não raro tenta se ignorar, raro se consegue.
Vai baforando um hálito caipirinha e mel, embora o beber tenha perdido sua prioridade. Não vem, mas disse que vinha. “Deve tá se agarrando com outro alguém, eu aposto!” Nada que o tempo não acalme e a morte não leve. Mas avisasse antes da demora, alertasse com antecedência, qualquer dizer era viável. Ou não.
Pára, anda, pára, abre a janela do apartamento e olha quase esperançosamente para baixo: e nada. Arranca folhas de um velho bloco e continua a escrita, outras palavras, mais baboseiras, mais por escrever do que pra escrever. Paciência é mordomia, o que agonia é a incerteza. Quase duas da madrugada e notícias não surgem. Espera, espera, esperneia e explode a raiva na sorte. Não dá mais pra esperar. “Não dá!”
“Tá decidido, chega disso!” Cancela tudo, desliga as luzes, prepara a cama pro sono e sonha pra acalmar. Praguejando aos ventos e dizendo asneiras. “Isso acaba, nunca mais, nunca mais, nunca mais um mísero sentimento meu!” Enrola-se nos panos com a cara entre os dedos e os dedos sentindo os desabafos. “Dessa vez não vai ter volta.”
Enrola-se e deita, abre olho, fecha rápido. Levanta-se e aos pulos,como se apostasse consigo mesmo, abre a janela: ainda nada. Era óbvio, era difícil de entender. Um toque ligeiro no celular e ele pisca, pisca, pisca, dançando no vibra call. Olham-se quase que desconhecidos de si mesmos, o celular e o seu dono. Era uma mensagem, uma aparente curta mensagem, não lê, não responde. E dorme com a certeza de que as coisas não vão mudar. É o hábito insaciável que não pára.
Legal o texto hein, tocou lá no meu âmago... e tu sabes o porquê ... huheueh
ResponderExcluirAmei a frase: "Paciência é mormodomia." E concordo plenamente... De fato é uma mordomia e tanto! Bjs, amore da titia!
ResponderExcluirO óbvio é complicado demais.
ResponderExcluirPois é, a faculdade nos consome.
Abraço, Keidy.
presente.
ResponderExcluirfazia um tmpo que não vinha aqui.
bom texto, como sempre, meu bem. *-*
Caro Elder, faz tempo que devo uma visita aqui, deixei comentários nos dois últimos posts e te adicionei no orkut também, ok?
ResponderExcluirGostei desse texto dialoga com sentimentos do jovem, com a própria escrita literária e com artefatos modernos, continue escrevendo.
Abraços caro!
Todos nós cansamos um dia e passamos a mudar um pouco nossas prioridades. Gostei muito do texto, senti-me... anciosa.
ResponderExcluirAh! E muito obrigada pela sua visita. Realmente gostei dos textos.
Me identifiquei? Claro! Porque eu sempre digo: “Isso acaba, nunca mais, nunca mais, nunca mais um mísero sentimento meu!” Mas... acabo apostando comigo.
ResponderExcluirHahahahaha
Obrigada, lindo!