Lembra daquelas histórias fantásticas, muito populares, que percorrem o país mas que não têm a autenticidade provada? Na região amazônica, existe um sem fim de lendas para todas as predileções. Uma das minhas preferidas é a do boto (para quem não sabe, o boto é um parente distante do golfinho). De acordo com a tradição, o boto emerge da água tomando a forma de um elegante homem vestido de branco e, se utilizando de suas técnicas de sedução, ele engravida as ribeirinhas hipnotizadas por sua beleza, atribuindo a si mesmo o título de cafajeste maior do imaginário popular. No entanto, não, o livro não conta a história de um boto, embora a história do livro seja a manifestação de uma história fantástica popular.
Existe uma lenda, com variadas versões, que fala sobre cavalos carnívoros que emergem do mar no mês de novembro, os chamados cavalos d'água. Na história contada pela tradição, os cavalos carnívoros costumam sair do oceano em novembro, de tal forma que, se eles forem capturados e domados fora da água salgada, eles podem se tornar excelentes montarias. Como bônus, em algumas versões da lenda, atribuem aos cavalos d'água a habilidade de se transformar num belo rapaz de cabelos castanho-avermelhados que caminha à beira-mar atraindo donzelas para arrastá-las para a água e devorá-las.
O livro conta a história de duas pessoas diferentes, Sean Kendrick e Puck Connolly, que se cruzam por causa da Corrida do Escorpião, um evento que acontece a cada novembro sob os penhascos de Thisby e onde homens capturam cavalos d'águas que emergem do oceano para montá-los em uma corrida mortal. O evento, considerado um esporte estritamente masculino, atrai diversos turistas de outros continentes para a ilha de Thisby e é marcado pela sua sanguinolência e competitividade. Os homens que cavalgam os cavalos d'água são entregues ao desafio de domá-los e precisam fazer com que a natureza violenta e carnívora dos cavalos não desperte enquanto os homens estão a montá-los. É comum que alguns cavaleiros não sobrevivam a corrida.
Sean Kendrick, de 19 anos, já foi quatro vezes campeão da Corrida do Escorpião. No entanto, a mesma corrida que quatro vezes lhe trouxe a vitória também assassinou seu pai, que foi devorado por um capall uisce (como são chamados os cavalos d'água) durante uma corrida há dez anos atrás. Sean trabalha no Haras Malvern, um haras pertencente a Benjamin Malvern, um ricão todo poderoso que possui propriedades em boa parte da ilha de Thisby. Kendrick se inscreve todos os anos na corrida a mando de Benjamin Malvern e cavalga sempre em Corr, um capall uisce teperamental do haras de Benjamin que niguém além de Sean tem coragem de cavalgar.
Do outro lado, existe Puck Connolly, uma novata nas Corridas do Escorpião que nunca quis participar da competição e que, no entanto, se vê obrigada a participar para ganhar o prêmio e sanar sua dívida com Benjamin Malvern, dono original da casa onde Puck reside com seus irmãos. Embora os olhares preconceituosos destinados a única mulher inscrita na corrida, Puck se inscreve para correr nas areias do mar de escorpião em cima de seu cavalo comum, Dove, enquanto os outros correrão em cima de seus cavalos d'água. Embora as dificuldades e algum preconceito de gênero, Sean e Puck são inscritos para competir na corrida, ambos com seus motivos para ganhar ou perder, entretanto, apenas um deles poderá vencer.
A Corrida do Escorpião é um livro escrito em primeira pessoa e a narrativa da história se altera entre os pontos de vista de Puck e Sean. A escrita é firme e descritiva, conseguindo submergir o leitor nas páginas e colocá-lo no espaço onde os próprios personagens estão. O texto flui naturalmente, introduzindo muito bem as personalidades e o próprio mundo fantástico criado em cima dos cavalos d'água. No entanto, a espinha dorsal da história, sem a parte da fantasia e cavalos carnívoros, pode muito bem ser incluída num filme de sessão da tarde. Ou seja, não há nada de tão excepcional e diferente na história, como afirmou o The New York Times, exceto o próprio mundo de fantasia que foi desenvolvido pela autora.
Entretanto, engana-se quem pensa que, para ser boa, uma história precisa ser original. O modo como a escritora relata os fatos é de uma sensibilidade agradável e a sua escrita consegue deter o leitor nas suas palavras tão bem escolhidas. O humor inerente ao texto também merece destaque. Não é um humor escrachado, direto, mas é do tipo que nos faz levantar discretamente os cantos da boca para formar um sorriso. O livro chamou assim tanto a atenção da massa que, no mesmo ano em que foi lançado, teve os seus direitos comprados pela Waner Bros. para a realização de uma adaptação cinematográfica produzida por Katzenberg and Seth Grahame-Smith’s KatzSmith Productions. Enquanto fico esperando o resultado da adaptação, porém, me pergunto como conseguirão passar para as telas do cinema o que mais me seduziu no livro: a escrita da autora.
Título: A Corrida do Escorpião
Título Original: The Scorpio Races
Autor (a): Maggie Stiefvater
Editora: Verus
Ano da Edição: 2012
Número de Páginas: 378
Do outro lado, existe Puck Connolly, uma novata nas Corridas do Escorpião que nunca quis participar da competição e que, no entanto, se vê obrigada a participar para ganhar o prêmio e sanar sua dívida com Benjamin Malvern, dono original da casa onde Puck reside com seus irmãos. Embora os olhares preconceituosos destinados a única mulher inscrita na corrida, Puck se inscreve para correr nas areias do mar de escorpião em cima de seu cavalo comum, Dove, enquanto os outros correrão em cima de seus cavalos d'água. Embora as dificuldades e algum preconceito de gênero, Sean e Puck são inscritos para competir na corrida, ambos com seus motivos para ganhar ou perder, entretanto, apenas um deles poderá vencer.
- Tenho meus próprios motivos para competir - respondo. - Como cada homem que subiu nessa rocha. Meus motivos não são menores apenas por eu ser uma garota.
A Corrida do Escorpião é um livro escrito em primeira pessoa e a narrativa da história se altera entre os pontos de vista de Puck e Sean. A escrita é firme e descritiva, conseguindo submergir o leitor nas páginas e colocá-lo no espaço onde os próprios personagens estão. O texto flui naturalmente, introduzindo muito bem as personalidades e o próprio mundo fantástico criado em cima dos cavalos d'água. No entanto, a espinha dorsal da história, sem a parte da fantasia e cavalos carnívoros, pode muito bem ser incluída num filme de sessão da tarde. Ou seja, não há nada de tão excepcional e diferente na história, como afirmou o The New York Times, exceto o próprio mundo de fantasia que foi desenvolvido pela autora.
Entretanto, engana-se quem pensa que, para ser boa, uma história precisa ser original. O modo como a escritora relata os fatos é de uma sensibilidade agradável e a sua escrita consegue deter o leitor nas suas palavras tão bem escolhidas. O humor inerente ao texto também merece destaque. Não é um humor escrachado, direto, mas é do tipo que nos faz levantar discretamente os cantos da boca para formar um sorriso. O livro chamou assim tanto a atenção da massa que, no mesmo ano em que foi lançado, teve os seus direitos comprados pela Waner Bros. para a realização de uma adaptação cinematográfica produzida por Katzenberg and Seth Grahame-Smith’s KatzSmith Productions. Enquanto fico esperando o resultado da adaptação, porém, me pergunto como conseguirão passar para as telas do cinema o que mais me seduziu no livro: a escrita da autora.
Título: A Corrida do Escorpião
Título Original: The Scorpio Races
Autor (a): Maggie Stiefvater
Editora: Verus
Ano da Edição: 2012
Número de Páginas: 378
Olá!!
ResponderExcluirEu não conhecia esse livro, mas esse tom mais comedido me chamou atenção.
Beijos,
Samantha Monteiro
Word In My Bag
http://wordinmybag.blogspot.com.br/
Adorei a resenha. Li várias coisas sobre ser fantástico e tal e agora você falou que tem sim uma boa fantasia mas que ao mesmo tempo tem essa característica de filme de sessão da tarde. Com certeza irei ler.
ResponderExcluirBeijinhos,
Thais Priscilla
http://thaypriscilla.blogspot.com
Nossa adorei a história desse livro, não o conhecia, mas fiquei com muita vontade de ler ^^ E esta foi a primeira vez que acessei o seu blog e gostei muito, já estou seguindo! Poderia fazer-me uma visitinha?
ResponderExcluirBeijos,
http://therevolucaonerd.blogspot.com.br/
Gostei da introdução com a lenda do boto. Realmente Maggie Stiefvater nos pega pela sua escrita.Lendo a resenha, eu notei uma coisa que nunca tinha reparado, o fato de que certas partes realmente se parecem com filmes de sessão da tarde, inclusive o resultado da corrida.Também acho difícil fazer uma adaptação deste livro, mas vamos ver no que vai dar. Bela resenha, como sempre. Bjs.
ResponderExcluirElderito, tua resenha impecável, como sempre.
ResponderExcluirEsse livro já me foi definido como "perfeito", então creio que devo ler e tirar minhas próprias conclusões.
Vamos ver no que vai dar ;)
Beijos.
Oi!
ResponderExcluirTenho muita vontade de ler esse livro. Parece ter uma história interessante e eu gostei bastante da capa e da sinopse.
E ao ler suas palavras, acredito que gostarei da história.
Parabéns pela resenha!
E FELIZ 2013 PRA VOCÊ! Que você tenha um ano maravilhoso. :D
Abraço!
"Palavras ao Vento..."
www.leandro-de-lira.com
Ahh que eu desejo esse livro faz um tempinho, sabia que ele era fascinante.. a resenha só me confirmou isso!
ResponderExcluirFeliz Ano Novo!
Não li ainda esse livro, mas ao mesmo tempo que ele me deixa curiosa, deixa-me um pouco desanimada. Não sei se o leria...
ResponderExcluirBeijos, Rayra Mirelem
Books Lovely
Não conhecia esse livro!
ResponderExcluirAdorei o estilo!
Beijinhos e Feliz 2013
Rizia - Livroterapias
http://livroterapias.blogspot.com.br/
Mais uma resenha excelente!
ResponderExcluirEntão, Elder querido, ouvi muitos elogios à escrita da Maggie, foi justamente isso que me chamou a atenção para ler os livros dela. E, realmente, como eles vão incutir isso no filme é a questão principal.
Não sei quando vou ler esse livro, quero começar com a trilogia "Os Lobos de Mercy Falls", aí só depois vou pegar "A Corrida do Escorpião".
Parabéns pela resenha! ;)
Esse livro aparenta ser interessante, mas não compraria. Se ganhasse com certeza leria.^^
ResponderExcluirDesculpe a demora em responder o comentário. Estava viajando e sem internet. Desejo para você um ótimo 2013 repleto de luz e muito sucesso.
Beijos!
Paloma Viricio- Jornalismo na Alma
Gostei muito da resenha, parece ser um livro bem interessante, mas estou com uma lista enorme de livros que quero ler, então acho que não há espaço para lê-lo, mas quem sabe, né?
ResponderExcluirAbraços,
http://therevolucaonerd.blogspot.com.br/
Nossa sua resenha está ótima! Não conhecia esse livro, mas parece ser muito bom mesmo *-*
ResponderExcluirbeijos
http://leitorapaixonada19.blogspot.com.br
Boa noite Elder,
ResponderExcluirEsse livro parece bem interessante...parabéns pela resenha...abçs.
http://devoradordeletras.blogspot.com.br/
Adorei a sua resenha. Faz um tempo que quero ler esse livro, sua resenha me motivou a adiantá-lo na lista de compras, haha! Parece ser um livro muito bom.
ResponderExcluirAbraços,
Laura.
http://resenhasdalau.blogspot.com.br/