Há alguns anos (escapa-me a data do acontecido) emprestei na biblioteca da universidade um livro de não muitas páginas intitulado O Último teorema de Fermat. Em um resumo injusto, dada a complexidade da obra, o livro tratava de uma busca heroica para resolver um dos maiores problemas matemáticos de todos os tempos. O teorema não vem ao caso, mas houve um trecho do livro que despertou minha atenção. Em alguma parte da obra uma referência a Pitágoras (sim, o filósofo grego) era feita através de uma frase: "a matemática é o alfabeto com o qual Deus escreveu o universo".
Não cabe a mim dizer quais eram as pretensões do filósofo ou até mesmo questionar sua afirmação, mas a ideia central levantada por ele é clara: Deus criou o universo por intermédio da matemática e qualquer indivíduo que queira se aprofundar nos detalhes da criação deve conhecer as peripécias da aritmética. Não há dúvidas que para quase tudo no universo existe um padrão, uma fórmula matemática definindo um comportamento. Mas estariam nossos sentimentos também enquadrados nesse quase tudo? Se estão ou não, eu não sei, mas há muito tempo matemáticos buscam padrões para a felicidade e definições para a fórmula do amor em uma tentativa de tornar exato o que conhecemos ser impreciso.
O Teorema Katherine segue quase o mesmo caminho, senão o mesmo por completo. Colin Singleton, um garoto prodígio recém-formado no que no Brasil chamaríamos de ensino médio, pega a estrada com seu amigo Hassan em busca de respostas e algum tipo de catarse para o término do seu décimo nono relacionamento. Normal, tirando o fato de que todas as suas ex-namoradas chamavam-se Katherine (K-A-T-H-E-R-I-N-E) e que todas terminaram com ele. Certo de que isso não poderia ser mera coincidência, Colin embarca na sua viagem disposto a criar um teorema matemático capaz de descrever seus relacionamentos (e prever os próximos). Um teorema que apontasse o tempo estimado de um relacionamento e quem terminou (ou terminará) em cada namoro: O Teorema Katherine.
Colin continuava convencido de que o comportamento romântico era basicamente monótono e previsível e que, portanto, seria possível criar uma fórmula bastante simples que anteciparia a rota de colisão de duas pessoas quaisquer. Mas ele temia não ser genial o suficiente para estabelecer as conexões.
John Green se consolidou no Brasil depois da publicação de A Culpa é das Estrelas pela Intrínseca em 2012. Quem é você, Alasca? (do mesmo autor), já tinha sido lançado antes pela Martins Fontes, mas começou a ficar popular depois que o nome do autor ocupou por semanas as listas dos mais vendidos pelo romance A Culpa é das Estrelas. De repente, John Green se transformou no escritor contemporâneo favorito de uma legião de bookaholics brasileiros. Esse ano, a Intrínseca publicou O Teorema Katherine, que veio acompanhado de um marketing gigantesco e uma propaganda assombrosa. O resultado disso? Muitos já estavam amando o livro antes mesmo de lê-lo.
O enredo ameno (talvez mais ainda para os que já estavam acostumados com outras narrativas do autor) é de deixar qualquer um desapontando depois de tanta publicidade positiva. É uma história que demora a te pegar, mas que se salva por causa do humor característico do John Green e por causa do conteúdo com incursões matemáticas divertidas (pode-se dizer que seria um ótimo livro para estimular adolescentes a aprenderem equações do segundo grau). O livro foi escrito com o apoio de um amigo matemático do autor e a obra conta ainda com um apêndice explicando os conceitos de funções utilizados no decorrer do livro enquanto Colin desenvolvia seu teorema.
É intrigante como os garotos de John Green apresentam todos características peculiares ("os garotos de John Green", observe minha petulância). Nos outros dois livros do autor publicados no Brasil, temos, em um deles, um menino inteligente com o hábito estranho de colocar cigarros na boca (mesmo sem acendê-los) como forma de provar a si mesmo de que ele ainda está no controle da sua vida, e, no outro livro, um adolescente com o hábito estranho de decorar últimas palavras de pessoas importantes (as últimas palavras mesmo, as palavras ditas antes de morrer). Nesse livro, o personagem principal, Colin Singleton, é um prodígio que começou a ler aos dois anos de idade e que possui uma obsessão estranha por anagramas, outro fator de diversão para a narrativa.
Os recursos linguísticos utilizados pelo autor são outro ponto-chave, quando se pensa que ele não tem mais o que inventar, ele inventa de usar várias notas de rodapé na obra. Notas que não são apenas comentários de referência, mas que preenchem o texto de humor e conferem a narrativa um clima mais inteligente do que o habitual. O habitual, claro, é a agradável incursão matemática (sou de exatas, não me julguem), que o John Green faz no texto. É tão divertido acompanhar o desenrolar da construção do teorema e perceber, junto com o personagem principal, as variáveis que influenciam na sua fórmula do amor. Pra quem tem tendências matemáticas, vai querer se aprofundar na fórmula do Colin, mas para quem leu o livro buscando um pouco da magia dos outros livros, é provável que sinta falta de alguma coisa.
Em suma, foi um livro com muitos holofotes que estava despertando minha atenção desde o momento em que foi divulgado pela Intrínseca que seria publicado no Brasil. O autor, como já disse, conseguiu seu espaço no país bem como uma quantidade significativa de fãs (como eu, que já tinha lido os outros dois livros dele publicados aqui). Porém, há uma linha tênue entre ser fã e ser cego (e eu realmente espero não ter soado rude aqui) e eu preferi ler O Teorema Katherine com olhos críticos de quem estava se preparando para ler algo novo, ao invés de apenas ler já esperando algum tipo de universo paralelo perfeito onde tudo é chocolate. No mais, resta-me esperar as próximas publicações do autor no Brasil para que eu possa conhecer mais das diferentes narrativas do John Green.
Título: O Teorema KatherineEm suma, foi um livro com muitos holofotes que estava despertando minha atenção desde o momento em que foi divulgado pela Intrínseca que seria publicado no Brasil. O autor, como já disse, conseguiu seu espaço no país bem como uma quantidade significativa de fãs (como eu, que já tinha lido os outros dois livros dele publicados aqui). Porém, há uma linha tênue entre ser fã e ser cego (e eu realmente espero não ter soado rude aqui) e eu preferi ler O Teorema Katherine com olhos críticos de quem estava se preparando para ler algo novo, ao invés de apenas ler já esperando algum tipo de universo paralelo perfeito onde tudo é chocolate. No mais, resta-me esperar as próximas publicações do autor no Brasil para que eu possa conhecer mais das diferentes narrativas do John Green.
Título Original: An Abundance of Katherines
Autor: John Green
Editora: Intrínseca
Ano: 2013
Páginas: 304
Editora: Intrínseca
Ano: 2013
Páginas: 304
Nunca li John Green, não condição sei estilo, mas essa história me deixou curioso, pois é muito intrigante pensar em um teorema matemático aplicável à relacionamentos. No mais, muito boa a resenha.
ResponderExcluirEu acho que não iria conseguir ler esse livro só por causa da história do cálculo embutido. xD
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirReamente não tem como não gostar das tuas resenhas. Até onde eu li TK, achei bom, mas nada"OMG" como ACEDE, ou que me cativasse aos poucos como QEVA. Mas há aquela maneira de escrever que só o John tem. Concordo com vc, realmente há uma linha tênue entre ser fã e ser cego. Só me resta esperar até que publiquem Will Grayson, Will Grayson aqui no Brasil, que pelo o que dizem e pela sinopse, parece ser excelente.
ResponderExcluirEI, TU FOI RUDE SIM. Ê! haha
ResponderExcluirBem, sempre que leio um livro procuro ser crítica, mas quando o autor, ou os elementos da narrativa, ou algo na história despertam sua atenção, ou simplesmente fazem seu tipo, é difícil não amar.
Amo a narrativa de John Green, e (espero não soar supérflua mas) o enredo nessas horas não é o mais importante pra mim.
Bem, (como diz Lindsey) "cê me conhece", sou fã de clichês, se eu os julgasse por seus enredos, frita estaria.
Não estou tentando justificar o porque gostei tanto de OTK (ok, estou sim), mas o livro é... DEMAIS! Me fez rir muito, e os quotes são maras, enfim... John Green é awesome!
Respeito tua opinião, claro, e tua resenha... posso abraçá-la? (COMO É QUE PODE TUAS RESENHAS SEREM TÃO FODAS, HOMEM?!)
Em suma, mesmo eu dando um corvo a mais, amei tua resenha.
Beijos e me liga. Mwah.
Oi Elderito!!
ResponderExcluirgostei da sua resenha, adoro a sua honestidade ^^
e isso que tá acontecendo com o John, dos holofotes e tudo mais, infelizmente, é verdade.
Tudo bem que eu AMEI esse autor depois de ler ACEDE e Alasca...
mas, até agora, vejo que ele deixou a desejar nos demais livros e isso, querendo ou não, é um pouco frustante. Enfim... acho que é esperar demais dos demais livros dele o mesmo que ACEDE, esse é o melhor livro dele pra mim e dá pra ver claramente que ele melhorou bastante!
Confesso que não estou lá muito empolgada pra ler o Teorema, mas irei lê-lo, até pq sabes que coloquei na cabeça ler TUDO do John Green rsrs seja o livro muuuuito bom ou mediano.
Abraços!
Hum...quero ler esse livro, mas primeiro quero ler A culpa é das Estrelas para ver se irei curtir o autor!^^
ResponderExcluirBeijos!
Paloma Viricio- Jornalismo na Alma.
Não entendo como alguém que escreve tão bem é de exatas O.O
ResponderExcluirEu realmente amo o Green!!, e talvez seja por isso que eu padronizei a literatura dele, não sei, eu costumo padronizar as coisas que gosto, ou melhor, eu gosto das coisas padronizadas e imutáveis -_-
Não gostei desse livro principalmente por causa do Colin e essa estória de ser notável e blá, blá, blá. O fato é que não me identifiquei com os personagens e o enredo, exceto o Hassan <3 <3 <3 ^^
Eu já peguei o livro esperando rir pra caramba e ñ foi o que aconteceu :|
Mas recomendo a leitura :D
Estou louca pra ler esse livro,
ResponderExcluirnunca li nenhum livro do autor, mas pelos comentários que tenho visto acredito que a escrita dele seja muito boa.
http://soubibliofila.blogspot.com.br/
Ola, tudo bem com vocÊ ?
ResponderExcluirEu vi seu link no Skoob e resolvi vim conhecer o seu cantinho.
Gostei bastante, principalmente da resenha do Autor John Green que todos tem comentado bastante.
Enfim..Ainda não tive oportunidade de ler nenhum livro dele, mas deve ser muito bom, porque tenho visto muitas resenhas boas sobre os dois livros dele.
Mas eu sou do tipo que não gosta muito de coisa triste sabe ?
Eu gosto de historia bonita e que tenha um final feliz hahaha...Sou do tipo assim...Não gosto muito de desgraça nao. Apesar que tem alguns livros que sao triste, mas que dão uma sacudida na gente, como se fosse para nós mesmos o aviso ou até mesmo a mensagem. Enfim...
Olha, eu vou SEGUIR O SEU BLOG...VOCÊ SEGUE O MEU TAMBEM ??
Se puder curte minha pagina no FACEBOOK.
Estarei te esperando la
beijinhos e parabens pela sua resenha. ADOREI
lovereadmybooks.blogspot.com.br
Hey Elder, enfim não postei minha resenha desse livro ainda, e agora tô desanimado rs
ResponderExcluirEu não li ainda os dois livros dele que tenho, esse e ACEDE, e minha vontade é bem baixa. Parece que, como você mesmo disse, é mídia demais para história de menos. O tema é parece ser bom, assim como ACEDE, mas as resenhas e opiniões que me deixam com o pé atrás. Ainda mais que você o classificou com apenas 3 corvinhos :( Vou ler, e pretendo fazer ainda esse ano, pra ver minha conclusão.
Abraço
Descobrindolivros.blogspot.com.br
Realmente, dos três livros de Green esse foi o que menos gostei!
ResponderExcluirGostei da resenha
Beijos
Rizia - Livroterapias
Ei Elder,
ResponderExcluirEu ainda não li nada do autor, tenho A culpa é das estrelas, mas está parado na fila de leitura.
Pelas duas resenhas que li deste livro ainda não me atraiu, gostei muito da sua resenha, vi no skoob e passei para conhecer o blog. :)
abs
Nanda
Olá!
ResponderExcluirLi A culpa é das estrelas e amei a escrita do autor. Quero muito ler esse livro também e espero não me decepcionar :/
Beijos
www.sonhandocomlivros.com
Oi Elder!
ResponderExcluirEu ainda não li nada dele, mas realmente ele é o autor do momento. Gostei muito da sua resenha, mas confesso que por enquanto tenho mais vontade de ler A culpa é das estrelas.
Bjs
http://alinenerd.blogspot.com.br/
Oi Elder!
ResponderExcluirAcabei de ler uma resenha desse livro tem pouco tempo. rs
Gostei da sua resenha, mas apesar de quere ler esse livro, ainda tenho certo receio dele. rs
BjO
http://the-sook.blogspot.com.br/
Opa...te desejo sorte na promoção lá do blog. Um bom final de semana.
ResponderExcluirBeijos!
Paloma Viricio- Jornalismo na Alma.
Oi, Elder.
ResponderExcluirAmo matemática - não que eu seja ótima nisso -, adoro química - não que eu saiba muita coisa - e não gosto muito de física - embora tenha sido a minha melhor nota nas provas abertas do vestibular. =) Acho que vou gostar desse livro pela matemática mesmo, pois sou curiosa - eu contei os pães que os tributos recebiam no livro Em Chamas e detectei um erro na conta da quantidade de pães, dá para acreditar nisso? Hehe! Não sou da área de exatas, mas gosto muito de observar detalhes e fazer contas.
Gosto muito de personagens masculinos (não nomeio "personagem" como palavra feminina, é facultativo), especialmente quando são narradores. Não fiquei muito animada com esses personagens, mas alguma coisa nessa história me lembrou 500 Dias com Ela, pode ser que o livro se torne mais interessante para mim do que imagino.
PS. Amei a frase de Pitágoras!
Beijos,
Isie Fernandes - de Dai para Isie
Oi Elder!
ResponderExcluirApesar dos comentários positivos, não consigo me interessar pelos livros deste autor...
Beijos,
Sora - Meu Jardim de Livros
Olá!
ResponderExcluirConfesso que fiquei sem vontade de ler esse livro. Adorei "A culpa é das estrelas", mas a sinopse desse novo livro do Green não me chamou a atenção e lendo sua resenha concluo que não seria uma leitura da qual eu gostaria muito. Muito legal o fato de você ler o livro com um olhar critico, mesmo que já conhecesse o autor e gostasse de suas obras. Como você disse, "há uma linha tênue entre ser fã e ser cego".
Beijos,
Niki - http://www.meigaemalefica.blogspot.com
Eu acho o prenúncio desse livro muito interessante, adorei a resenha!
ResponderExcluirGostei muito de seu resenha, parabéns !
ResponderExcluirMy Books : http://tmybooks.blogspot.com.br/