probleminhas terrenos:
quem vive mais
morre menos?
(Millôr Fernandes)
Um pouco mais de um mês se passou desde minha chegada por estas terrinhas (e desde que o meu cérebro começou a dar tilt e fazer confusão) e, por isso, tenho história demais pra contar e post de menos pra me expressar. O excesso de homeworks infelizmente não me deixou contar as curiosidades e as intempéries, mas nesses dois últimos dias eu trabalhei hard pra fazer tudo e deixar essa noite livre pra escrever. Esse post, portanto, vai funcionar como um amontoado de informação, por isso, meu alerta aos leitores é brace yourselves que lá vem história e mistura de tudo quanto é língua.
No meio de tanta nacionalidade diferente, como norte-americanos, japoneses, porto riquenhos e brasileiros, os meus neurônios queimaram a ponto de a língua soltar frases em inglês quando estou no meio dos brasileiros e frases em português perto dos norte-americanos (que me olham com uma cara de what the fuck are you speaking?). O meu cérebro, porém, nunca tinha dado tanto nó quanto no dia em que eu mantive uma conversa trilíngue com um sujeito boa praça de Porto Rico. O inglês dele não era tão avançado (no estilo do meu), então ele falava comigo em espanhol e pra entender eu usava a similaridade da língua com o português, mas respondia tudo em inglês. O resultado do bate-papo foi que eu saí da conversa meio drogado, zonzo, algo assim meio sei lá.
O caldeirão de idiomas, porém, não é o único aspecto relacionado ao inglês-português que eu gostaria de comentar aqui. Uma das disciplinas que estou matriculado é a de Reading, composta na sua maioria por norte-americanos que querem melhorar suas habilidades em leitura de textos acadêmicos. Na disciplina a professora ensina várias palavras no intuito de melhorar o vocabulário dos alunos, como inflammable, defunct, extraneous, depreciate ou ostracize, e sempre ninguém se manifesta pra falar os significados porque boa parte das pessoas realmente não sabem. É nesse momento em que eu agradeço no meu canto pelo fato de o inglês ter influência e o português ter origem no latim e levanto meu braço no estilo Hermione Granger pra definir os cognatos e sambar na cara dos haters.
Os aspectos linguísticos, no entanto, não são as únicas histórias que eu tenho pra contar, as outras dizem respeito a vida no campus e as atribulações que surgem em consequência disso. O primeiro de todos é o alarme de incêndio que toca ao simples sinal de fumaça. Da primeira vez que a campainha do alarme começou a gritar, eu tava na casa de uma amiga e, medroso que sou, logo pensei na morte, mas juntei o medo com a vontade de sobreviver pra escrever esse post e corri pra fora do prédio (super me sentindo num filme da sessão da tarde). No final, descobri que todo o caos foi por causa de uma comida queimada e eu apenas voltei pra casa agradecendo por não ser o indivíduo que deixou a comida passar do ponto.
O barulho por essa áreas, porém, não se resume apenas aos alarmes de incêndio. Numa dessas manhãs frias de domingo, fui acordado por batidas similares a de um martelo na parede que fica atrás da minha cama. O meu primeiro pensamento foi que alguém estava consertando a cama do outro quarto e, antes de ficar com raiva (sonos interrompidos sempre me deixam meio agitado), me acalmei e compreendi a situação (porque sou um cara muito legal). Para minha surpresa, porém, as batidas começaram a ficar rápidas e intensas demais para um martelo. Não demorou muito até eu perceber que tinha alguém no outro apartamento fazendo créu na velocidade cinco em plena nove horas da manhã. Conduzido pela fúria (e o mais inofensivo recalque), dei um soco forte na parede e de supetão todo o barulho se atenuou. Mais calmo, então, voltei a dormir.
Nos dias seguintes ao incidente do falso martelo, a vida seguiu com suas rotinas e as festas que geralmente ocorrem no campus da college. É nesse momento que talvez você seja leviano e caia no erro de pensar: festas? Uhu! Nos Estados Unidos, o meu conceito de festa foi completamente deturpado. Se antes eu acreditava que festa era álcool, música alta e fotos comprometedoras no dia seguinte, hoje eu já enxergo festas como os norte-americanos me ensinaram a enxergar: um pretexto pra comer. É incrível, tem a pizza party, marshmallow party, icecream party, barbecue party, entre outras. Não tem música, não tem álcool e nem gente dando duplo twist carpado, só tem comida e Pepsi. Essas festas me dão a cada dia mais a certeza de que voltarei para o Brasil boiando pelo oceano atlântico (não bastasse eu quase ter vindo rolando pelo deserto do México).
O (quase) último probleminha terreno que eu gostaria de ressaltar é como as pessoas por aqui parecem levar tudo ao pé da letra. Se no Brasil eu digo pra algum amigo que a gente deveria marcar alguma coisa, está implícito que a gente nunca vai marcar nada (porque sou desses). Daí você caí no erro de dizer a mesma coisa aqui e perguntam que dia?, então você responde um dia qualquer que dê pra todo mundo e falam mas quando? e quando você menos percebe já está encurralado. O mesmo acontece na hora de oferecer comida por educação. Se você está oferecendo é por que você está disposto a dar (pelo menos na cabeça da maioria das pessoas), e se você quer dar é quase certo que todo mundo vai pegar e você ficará chorando pela eternidade. É por isso que já abandonei a educação na hora de comer porque comida pra mim é assunto sério e não compartilhável (gordinhos gonna fazer gordice forever).
Mas sem fugir desse assunto de marcar alguma saída, meu último fim de semana foi bem agitado. Um amigo nos levou (três brasileiros e eu) até a segunda maior cidade de Nova York, Buffalo, e nos apresentou pra uma galera super gente boa de lá. Fomos pra balada e rolou muito bolo, sorvete e guaraná (e música de negão que faz todo mundo rebolar e remexer descontroladamente). No after party, quando já estavam todos ébrios (por causa do guaraná) e jogados pela casa, rolou música eletrônica no estilo The XX e um tecnobrega suave (que claro euzinho coloquei só pra ver os gringos tremendo). Eu sei que essa história não tem nada de muito relevante, mas o que eu queria deixar como sugestão é que se você está querendo avaliar as suas habilidades no speaking e listening você deveria estudar a possibilidade de conversar bêbado com algum nativo também bêbado e ver o que surge dessa conversa.
Como resultado desse fim de semana party hard, veio a segunda-feira (zzz) e algumas outras surpresas gratificantes. Uma das surpresas foi quando encontrei minha foto no jornal da college no International Student Spotlight, mas não foi nem isso que me deixou feliz, mas sim a lembrança de que fui recomendado por algum professor para aparecer no jornal (o que reforça minha hipótese de que sim eu sou legal e que as pessoas gostam de mim). O outro ponto alto dessa semana foi receber minha primeira prova da disciplina de listening e cultura norte-americana e ver que tirei um A+ (meu primeiro). Sim, parece besteira, mas fiquei bem feliz. Na segunda-feira ainda, uma das minhas professoras disse que eu já estava preparado para ir pra uma universidade e depois, numa conversa com meu advisor, estudamos a possibilidade de eu ir estudar Computer Science na University at Buffalo em 2014. O que me resta é torcer e esperar pelos próximos desfechos desse capítulo tão intenso que tá sendo estudar nos Estados Unidos.
"Esse nome tem poder." Karen, Fernanda
aahahahahhaa
ResponderExcluirgordinhos gonna fazer gordice forever
Metido soh pq saiu no jornal, gente eh tudo mentira!!!!
ResponderExcluirSe a sua estrela não brilha não tente apagar a minha, beijos haters.
Excluirhahahahaha
ExcluirEh que eles so sabem a sua versao das coisas. Preciso mostra a outra face!
Mesmo eu já conhecendo a maioria dessas histórias, não deu pra não rir de novo delas, senso de humor continua afiado, hein?.
ResponderExcluirQue tuas aventuras continuem, pois elas geram ótimos posts, haha.
Não importa se vais voltar voando, rolando, ou boiando, contanto que voltes. Belém continua com saudades. =D
NON CONSIGO PARAR DE RIR! AAAAAAAHAHAHAHAHAHHAHAAd infinitum...
ResponderExcluirElder, meu caro Elder, és o melhor do mundo! Foi um bom resumo de um mês. Adorei.
Pontos altos, altíssimos, do post:
- Pfv, citação de Fernanda Karen Lispector, bjs.
- ~Marteladas~ SOS SOFRI COM ISSO AAAAAAHAHHHHHHAHAHAHAHHA
- Não dividir a comida. Egoísmo do bem. Ensine aos americanos o termo "oferecer por educação". Te contar, viu.
- Teu A+ <3
Ai, que feliz de te ler!
Te imaginei na minha frente comendo aquelas carnes no shopping, sdds.
Por favor, querido, não para! Vou cobrar teus posts constantemente.
Aproveita tudo, baby!
Beijô.
Eu tô do hospital rindo baixinho, de luz apagada, pra não acordar a mamãe, mas esse teu post fez eu rir tanto que minha dor voltou e vou ter que chamar uma enfermeira pra ver aqui.
ResponderExcluirMas valeu cada linha e letra lida.
Ps: Pensaste em mim na batida do martelo, digue lá?
Saudades, te amo <3
HAHAHAHAHAHAH AI ELDERITO <33
ResponderExcluirSem palavraspra descrever o quanto eu AMEI esse post xD
Teu senso de humor, como sempre, afiadíssimo!!
Festa = pretexto para comer... gente... eu adoraria esse lugar então hsuahushau ia voltar pro Brasil em forma de dirigível!
"Gordinhos gonna fazer gordice forever" A MAIS PURA VERDADE <3333
gente... a história da "martelada" (e o mais inofensivo recalque) KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK SENHOR
Imagino que a tua vida deve estar MASTER corrida, mas vou sempre esperar teus posts divos ;)
saudades enormes de você, seu lindos das tetas fartas e cremosas <333
abraços!
se cuida ;)
obs: "esse nome tem poder" hahahahahahahaha fernandinha diva!
Estou alegre por encontrar blogs como o seu, ao ler algumas coisas,
ResponderExcluirreparei que tem aqui um bom blog, feito com carinho,
Posso dizer que gostei do que li e desde já quero dar-lhe os parabéns,
decerto que virei aqui mais vezes.
Sou António Batalha.
Que lhe deseja muitas felicidade e saúde em toda a sua casa.
PS.Se desejar visite O Peregrino E Servo, e se o desejar
siga, mas só se gostar, eu vou retribuir seguindo também o seu.
Enfim descobri um povo tão "fantástico mundo de Bob" quanto eu, ou mais. rsrs... Muitas vezes, eu levo as coisas meio ao pé da letra e termino ficando com cara de boba quando percebo que não era bem assim. Hahaha! Estou te imaginando com um prato de comida e três pessoas compartilhando. kkkkkkk
ResponderExcluirBoa estada!
Beijos,
Isie Fernandes - de Dai para Isie