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EU, ELDER F.


Livros, filmes, fotografias e histórias contadas pela metade.

Consertando os erros

Não há melhor forma de reparar desacertos do que conversando com quem tem o direito de escutar as suas explicações. Não é que a conversa vá garantir a correção das suas falhas, mas quando as suas palavras se mostram em concordância com o que os seus olhos querem expressar, o seu argumento se torna mais autêntico.

Ele esperava, sentado no ponto do ônibus, que a qualquer instante ela dobrasse a esquina e aparecesse disposta a reparar toda a confusão que tinha sido criada. Já passava da hora marcada, mas o significado por trás dos últimos meses seria motivo suficiente para que ela se encontrasse com ele inclinada a começar tudo de novo (ou pelo menos ele tentava se convencer disso).

 “Se você quiser recomeçar, me encontra hoje às 16h no lugar onde aconteceu nosso primeiro beijo.”

A mentalidade adolescente poderia estar voltando, deixou-se refletir por algum tempo, ou ele apenas estava ridiculamente apaixonado. Ela talvez não tivesse entendido a mensagem. No final de tudo, pensou, detalhes como o lugar do primeiro beijo, a data do primeiro encontro ou a roupa da primeira vez fossem minúcias que apenas cabeças imaturas conservavam.

Levantou-se por um momento e permaneceu em pé, olhando em ambas as direções sem encontrar o que procurava. Já estava certo de que ela não apareceria e a frustração era incontestável. Ele começou, então, a andar seguindo o caminho de volta para a casa, mas sempre olhando para trás com algum resquício de esperança.

Era uma ingrata, alguém que não era capaz de reconhecer o valor de tudo o que se permitiram e que sem dúvida não merecia o que ele estava disposto a abdicar por esse relacionamento. Desapontado, ele pensou nisso tudo e em outras coisas mais. Não chegou a pensar, porém, que ela talvez tivesse um lugar diferente em mente de onde teria acontecido o primeiro beijo dos dois.


8 comentários:


  1. Quero a continuação desse texto, apenas.

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  2. É muito difícil dizer tanto em tão poucas palavras. Meus parabéns, mesmo. Fiquei com inveja. Participei do concurso da Capricho há uns anos atrás, que tinha que escrever contos em 500 palavras. Cara, como eu chorava pra cortar coisas D:

    Mas falando da crônica em si. O primeiro parágrafo, senhor, é verdade pura. Pena que sou uma daquelas que não consegue dizer - e acabo escrevendo mil e uma cartas, poesias, crônicas, mas não consigo falar. Triste.
    E não diga que lembrar do primeiro beijo e do primeiro encontro é para cabeças imaturas D: Eu lembro todas as datas de um dos meus namorados - e só dele. Vai entender D:

    Quero mais 300 palavras dessa trama.

    Beijos, Luu
    Degradê Invisível

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  3. Pô, marcar e não ir é muita mancada. Levar o bolo não é nada legal. Digo porque já levei alguns u__u. Mas, sabe o que isso significa: imaturidade dos dois. Irresponsabilidade dela. Ok, gostei do aspecto verossimil do conto.

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  4. A-MEI!!! Amei, amei, amei.
    Que suavidade para escrever, que delicadeza, que texto incrível!!!!
    Uma pena, claro... Fiquei pensando que seria legal ela, no final, chamando ele.

    E acho que o amor é um tanto infantil. Aos vinte e seis anos de idade, sei de cor datas, roupas e cheiros. ;)

    Beijos

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  5. Legal!
    Gostei da ideia do microconto. Eu bem que queria escrever algo pequeno assim, mas quando começo a escrever não consigo parar. Gosto de deixar fluir. Talvez um dia eu consigo me policiar mais.

    Gostei da sua escrita e também fiquei com um gostinho de quero mais!! :)
    Beijusss;
    http://hipercriativa.blogspot.com.br/

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  6. Linda a mensagem que seu texto passa. Realmente reconhecer nossos erros nem sempre é fácil. E temos a persistente "mania" de julgar as atitudes dos outros sem antes saber o real motivo daquilo.
    Parabéns, adorei o texto!
    Samantha Artes e Books

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  7. Simplesmente: uau. Eu tenho grande dificuldade de enxugar o texto até ele se tornar "micro". Seu trabalho foi sensacional. Está de parabéns.
    Abraços!

    www.diarioquaseescritora.blogspot.com

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