Em maio desse ano, enquanto eu caminhava atento entre os corredores da Feira Pan-Amazônica do Livro, encontrei, um tanto quanto esquecido, um livro de um autor colombiano que nunca antes eu tinha ouvido falar: Jorge Franco. Na contra-capa da obra constava um comentário do nada mais nada menos Gabriel García Marquez: "Este é um dos autores colombianos a quem eu gostaria de passar a tocha." Como na época eu tinha acabado de terminar a leitura de Cem Anos de Solidão, não pensei duas vezes depois de ler essa recomendação do Gabo e de imediato comprei o romance Rosario Tijeras.
A obra começa no corredor de um pronto-socorro, onde Antonio espera aflito notícias de Rosario Tijeras, uma jovem misteriosa que acabara de levar um tiro à queima-roupa. Ao passo em que se agarra às esperanças e se embala com os barulhos das enfermarias, Antonio relembra momentos ao lado de Rosario, sua paixão platônica, e de seu melhor amigo Emilio, então namorado de Rosario. Como pano de fundo, está a cidade que um dia já foi considerada uma das mais perigosas do mundo e que, até recentemente, era o lar de um dos mais ricos e cruéis carteis de cocaína do mundo: Medellín na Colômbia.
"Como levou um tiro à queima-roupa ao mesmo tempo em que recebia um beijo, Rosario confundiu a dor do amor com a da morte. Mas tirou a dúvida quando afastou os lábios e viu a pistola."
A história ganhou o Prêmio Dashiell Hammett de literatura policial em 2000 e, por causa do sucesso que o livro teve na Colômbia, a obra foi adaptada para as telonas em 2005. Os incontáveis elogios ao autor e a história são merecidos, visto que o romance é intrigante e a escrita do autor bem desenvolvida. No entanto, com tanto drama e personagens complexos, a história falha quando deixa de ser profunda o suficiente para acompanhar a complexidade dos seus personagens. A ação do romance infelizmente se perde no melodrama de amor não correspondido e na mulher sensual que é Rosario.
Na intenção de tentar criar essa personagem fatal, o autor se perde e deixa o leitor querendo mais conforme a história caminha para o fim. O foco nos mistérios de Rosario tira o foco das lamentações de amor de Antonio que, no final, tiram o foco das favelas em Medellín e da situação sócio-econômica em que se encontram tantas famílias reféns dos cartéis de cocaína. Com tantos dramas, cento e sessenta e duas páginas não foram suficientes para levar o leitor mais fundo. Deixando-o, assim, ali, com a água cobrindo no máximo as batatas das pernas e os joelhos quando houveram tantas possibilidades de o leitor ser jogado em alto mar.
Um pouco mais de simpatia e compreensão poderiam ser criados pelos personagens, acrescentando assim mais peso para a história, mas talvez o foco do autor fosse justamente a dor de amor e a femme fatale. A expectativa que criei depois de ter lido o comentário engrandecedor do Gabriel na contra-capa pode de alguma forma ter arruinado a minha leitura, mas é difícil negar a gigante folha em branco que o autor de Rosario Tijeras decidiu não desenhar e deixar vazia. Ainda assim, o romance de Jorge Franco é consistente. Por causa da sua escrita, ainda não desisti do autor colombiano, mas não posso dizer ao certo quando voltarei a relê-lo.
Na intenção de tentar criar essa personagem fatal, o autor se perde e deixa o leitor querendo mais conforme a história caminha para o fim. O foco nos mistérios de Rosario tira o foco das lamentações de amor de Antonio que, no final, tiram o foco das favelas em Medellín e da situação sócio-econômica em que se encontram tantas famílias reféns dos cartéis de cocaína. Com tantos dramas, cento e sessenta e duas páginas não foram suficientes para levar o leitor mais fundo. Deixando-o, assim, ali, com a água cobrindo no máximo as batatas das pernas e os joelhos quando houveram tantas possibilidades de o leitor ser jogado em alto mar.
Um pouco mais de simpatia e compreensão poderiam ser criados pelos personagens, acrescentando assim mais peso para a história, mas talvez o foco do autor fosse justamente a dor de amor e a femme fatale. A expectativa que criei depois de ter lido o comentário engrandecedor do Gabriel na contra-capa pode de alguma forma ter arruinado a minha leitura, mas é difícil negar a gigante folha em branco que o autor de Rosario Tijeras decidiu não desenhar e deixar vazia. Ainda assim, o romance de Jorge Franco é consistente. Por causa da sua escrita, ainda não desisti do autor colombiano, mas não posso dizer ao certo quando voltarei a relê-lo.
Autor: Jorge Franco
Ano da Edição: 2007
Ano da Publicação Original: 1999
Páginas: 160
Editora: Alfaguara
Hullo!
ResponderExcluirEu ainda não li nem esse, nem nenhum livro do gênero, mas estou desejando muito, principalmente agora que estou por dentro do que se trata o livro!
Beijos.
P.S. Adorei o vídeo que está na lateral. Quero ler O Sol é Para Todos, agora :)
Blog Girl Heart Books ♥
Mylane, que joia que você curtiu o vídeo.O Sol é Para Todos será resenhado em breve, pois acabei de ler o livro semana passada (e estou lendo de novo em inglês agora).
ExcluirNesse fim de semana posto a resenha e, já antecipo, sim, o livro é muito bom ;)
Oie!!
ResponderExcluirSempre adoro suas resenhas!!! O livro me interessou bastante e a citação só me instigou a lê-lo!!
É tão ruim quando você deposita altas expectativas e acaba não sendo "aquilo tudo" :/
Beijos
www.notavelleitura.blogspot.com
Gostei bastante da sua resenha, ela me fez ficar bem curiosa com o livro, espero poder lê-lo em breve.
ResponderExcluirOlá, tudo bem??
ResponderExcluirRealmente, deve ser um livro que aborda muitos temas... Uma pena que o autor não conseguiu explorá-los tão bem quanto poderia. Gostei bastante da sua resenha!
XOXO
Umnovo-roteiro.blogspot.com
Oi, tudo bem?
ResponderExcluirAdorei sua resenha. Bateu uma curiosidade aqui, mas fiquei um pouco pra baixo ao ficar sabendo que o autor não conseguiu explorar mais os temas.
Olá!
ResponderExcluirEu nunca tinha ouvido falar do livro nem do autor. Pena a história não ter sido tão profunda e autor ter se perdido as vezes.
Adorei a sua resenha e a sua sinceridade.
Beijinhos!
http://eraumavezolivro.blogspot.com.br/
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirPrimeiramente meus parabéns, suas resenha são muito gostosas de ler!
ResponderExcluirEu não conhecia este livro, nem o autor, e também não me interessei muito pela obra. Fico muito frustrada quando isso acontece comigo e vem aquela sensação de que o livro até é bom mas poderia ter sido algo bem melhor.
xoxo
http://www.amigadaleitora.com/
Meio frustrante a leitura, né? Acho muito chato quando a história tem um baita potencial e o autor não sabe explorar. Será que a frase do Gabriel não se referia a outro livro? Bem, mesmo mais pra frente seria legal vc dar outra chance ao autor.
ResponderExcluirBeijinhos!
Giulia - www.prazermechamolivro.com
Muitas poucas páginas pra tanto drama
ResponderExcluirGosto de livros assim mas com pouco página aí não dá
Que pena que o autor não explorou tanto
Mas fiquei cuiriosa agora pra ver o filme
Quem sabe não me agrada
Adorei sua resenha
bjs
http://malucaspor-romances.blogspot.com.br/
Oi!
ResponderExcluirO livro parece ser bem interessante. Não faz muito meu estilo, mas eu fiquei curiosa =)
Adoro suas resenhas!
Bjs,
Fernanda
http://www.amigadaleitora.com/